Um novo olhar sobre a vida universitária em Campo Grande

Elysia Facyne
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Na cidade de Campo Grande, o lançamento de um documentário que percorre uma década de vivências universitárias acende reflexões sobre o papel da formação superior. O evento, que terá exibição especial no Museu da Imagem e do Som da capital sul-mato-grossense, marca um ponto de encontro entre cinema, educação e juventude. Em cena, estão histórias reais de ingressos, trotes, greves, cotas sociais e transformações políticas — um panorama que ultrapassa as salas de aula para adentrar o universo social que circunda a universidade.

A produção aborda com naturalidade as trajetórias de estudantes que chegaram com sonhos e saem da universidade com dúvidas, ideais e caminhos diversos. O documentário capta não apenas o ingresso à instituição, mas também os medos, as expectativas e os primeiros passos após a graduação. Em Campo Grande, a sessão especial oferece mais do que entretenimento: oferece a chance de um diálogo direto entre o diretor, o compositor da trilha sonora e o público universitário presente. É uma oportunidade para que se veja refletido no cinema aquilo que muitos vivem cotidianamente.

O cenário político e social é elemento central da narrativa. Os impactos da implementação de cotas sociais e raciais, o recuo dos investimentos públicos na educação, e os episódios de greves e paralisações ganham lugar de destaque. Tais questões não ficam restritas aos corredores da universidade: reverberam na sociedade e na cidade de Campo Grande. Alinhada a esse contexto, a produção brasileira assume a missão de evidenciar o entrelaçamento entre a vida acadêmica e o espaço socioeducativo mais amplo.

Esta produção é resultado do trabalho da Casa de Cinema de Aquidauana com coprodução de estúdios de São Paulo. O filme ganhou itinerância internacional ao participar de festivais na Europa, América do Norte, Canadá e América Latina — o que fortalece sua relevância para os estudantes de Campo Grande e região. A mobilidade internacional da obra evidencia a força da produção regional e reforça o protagonismo de Mato Grosso do Sul no audiovisual contemporâneo.

Em Campo Grande o debate pós-sessão permite que estudantes universitários reflitam sobre o que encontraram ao longo da jornada e o que encontrariam se estivessem apenas começando. O diálogo é conduzido pelo diretor e pelo músico responsável pela trilha sonora, conectando linguagem cinematográfica e experiência acadêmica. O espaço se transforma em uma arena crítica para pensar a universidade, compreender seus desafios e celebrar suas conquistas.

A entrada gratuita para o evento em Campo Grande torna a iniciativa mais acessível e democrática, aproximando a comunidade, os estudantes e os profissionais do audiovisual. A capital sul-mato-grossense assume, assim, uma função de ponte entre o interior universitário e o grande público. Esse tipo de sessão especial ajuda a ampliar o alcance da obra, gerando visibilidade para temas muitas vezes relegados às páginas acadêmicas ou à reserva dos corredores das instituições.

A recepção da obra em Campo Grande é também reflexo de uma demanda crescente por iniciativas que aproximem o público dos debates sobre educação pública, juventude e produção cultural local. Ao trazer para a tela as vivências de uma geração que ingressou no ensino superior em meados dos anos dez, o projeto conecta diferentes tempos, lugares e expectativas. A capital se torna palco para que olhares diversos converjam e se articulem em torno da vida universitária em transformação.

Finalmente, o evento em Campo Grande representa mais do que a exibição de um filme — representa a construção de sentidos coletivos, de memória e de identidade universitária. É um momento para que estudantes, profissionais do audiovisual e o público geral se encontrem e partilhem reflexões sobre o que foi, o que é e o que poderá ser a universidade. Em tempos de mudanças aceleradas, olhar para a década que passou torna-se forma de projetar o futuro.

Autor: Elysia Facyne

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